domingo, 5 de dezembro de 2010

APRENDIZADO E DESENVOLVIMENTO; UM PROCESSO SÓCIO-HISTÓRICO.

1. OLIVEIRA, MARTA K. DE. VYGOTSKY: APRENDIZADO E DESENVOLVIMENTO; UM PROCESSO SÓCIO-HISTÓRICO. 4. ED. SÃO PAULO: SCIPIONE,1997.

Palavras-chave: mediação, internalização, intrapessoal, maturacionista, ZPD – Zona de desenvolvimento proximal


A professora Marta Kohl de Oliveira, neste livro, ressalta importantes pontos na teoria de Vygotsky:
- “o homem biológico transforma-se em social por meio de um processo de internalização de atividades, comportamentos e signos culturalmente desenvolvidos”
- a obra de Vygotsky é apenas um esboço de um projeto;
- um grande problema na área da educação no Brasil é a tentativa de se estabelecer uma proposta pedagógica única, baseada numa idéia de escolha da melhor teoria, principalmente nos confrontos entre as teorias de Vygotsky e Piaget.
E a autora considera, ainda, que estes autores nos trazem uma enorme contribuição, destacando que a melhor forma de atuação será a de compreender o melhor possível cada abordagem para que haja um real aprimoramento da reflexão sobre o objeto a ser estudado.
Vivemos hoje um momento em que as ciências em geral, e as ciências humanas em particular, tendem a buscar áreas de intersecção, formas de integrar o conhecimento acumulado, de modo a alcançar uma compreensão mais completa de seus objetos. A interdisciplinaridade e a abordagem qualitativa têm, pois, forte apelo para o pensamento contemporâneo.
Do mesmo modo, a idéia do ser humano como imerso num contexto histórico e a ênfase em seus processos de transformação também são proposições muito importantes no ideário contemporâneo.
A discussão do pensamento Vygotsky na área da educação e da psicologia nos remete a uma reflexão sobre as relações entre este autor e Piaget.
No Brasil, Piaget tem sido a referência teórica básica nessas áreas e a penetração das ideias de Vygotsky sugere, inevitavelmente, um confronto entre as teorias dos dois autores.


Vygotsky foi o primeiro psicólogo moderno a sugerir os mecanismos pelos quais a cultura torna-se parte da natureza de cada pessoa ao insistir em que as funções psicológicas são um produto da atividade cerebral, explicando a transformação dos processos psicológicos elementares em processos complexos dentro da história.

Ele enfatizava o processo histórico-social e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. A questão central de sua obra é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Para o teórico, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de troca com o meio, por meio de um processo denominado mediação.
As concepções de Vygotsky sobre o processo de formação de conceitos remetem às relações entre pensamento e linguagem, à questão cultural no processo de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de natureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. O autor propõe uma visão de formação das funções psíquicas superiores como internalização mediada pela cultura.
Suas concepções sobre o funcionamento do cérebro humano colocam que (...) “o cérebro é a base biológica, e suas peculiaridades definem limites e possibilidades para o desenvolvimento humano.”
Essas concepções fundamentam sua idéia de que as funções psicológicas superiores (por ex. linguagem, memória) são construídas ao longo da história social do homem em sua relação com o mundo. Assim, as funções psicológicas superiores referem-se a processos voluntários, ações conscientes, mecanismos intencionais e dependem de processos de aprendizagem.




A linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos, representa um salto qualitativo na evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos, as formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. É por meio dela que as funções mentais superiores são socialmente formadas e culturalmente transmitidas. Sendo assim, sociedades e culturas diferentes produzem estruturas diferenciadas.
A cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a interpretação do mundo real. Ela dá o local de negociações no qual seus membros estão em constante processo de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significações.
O processo de internalização é fundamental para o desenvolvimento do funcionamento psicológico humano. A internalização envolve uma atividade externa que deve ser modificada para tornar-se uma atividade interna - é interpessoal e se torna intrapessoal.
Vygotsky usa o termo função mental para se referir aos processos de pensamento: memória, percepção e atenção; sustenta que o pensamento tem origem na motivação, no interesse, na necessidade, no impulso, no afeto e na emoção.







A interação social e o instrumento lingüístico são decisivos para a zona de desenvolvimento proximal (ZDP).


Para J. Piaget, dentro da reflexão construtivista, desenvolvimento e aprendizagem se interrelacionam, sendo a aprendizagem a alavanca do desenvolvimento. A perspectiva piagetiana é considerada maturacionista, no sentido de que ela preza o desenvolvimento das funções biológicas – que é o desenvolvimento - como base para os avanços na aprendizagem. Já na chamada perspectiva sócio-interacionista, sócio-cultural ou sócio-histórica, abordada por L. Vygotsky, a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem está atrelada ao fato de o ser humano viver em um meio social, sendo este a alavanca para estes dois processos.
Os processos caminham juntos, ainda que não em paralelo.

Existem, pelo menos, dois níveis de desenvolvimento identificados por Vygotsky: um, o nível real, já adquirido ou formado, que determina o que a criança é capaz de fazer por si própria, e o outro, potencial, ou seja, a capacidade de aprender com outra pessoa. Essa interação e sua relação com a imbricação entre os processos de ensino e aprendizagem podem ser melhor compreendidos quando nos remetemos ao conceito de ZDP.


A aprendizagem interage com o desenvolvimento, produzindo abertura nas zonas (distância entre aquilo que a criança faz sozinha e o que ela é capaz de fazer com a intervenção de um adulto; potencialidade para aprender, que não é a mesma para todas as pessoas; distância entre os níveis de desenvolvimento real e potencial) nos quais as interações sociais são o centro, estando então, ambos os processos - aprendizagem e desenvolvimento - interrelacionados; assim, um conceito novo que se pretenda trabalhar, como por exemplo, em matemática, requer sempre um grau de experiência anterior para a criança.
O desenvolvimento cognitivo é produzido pelo processo de internalização da interação social com materiais fornecidos pela cultura, sendo que o processo se constrói de fora para dentro. Para Vygotsky, a atividade do sujeito refere-se ao domínio dos instrumentos de mediação, inclusive sua transformação por uma atividade mental.
Para ele, o sujeito não é apenas ativo, mas interativo, porque forma conhecimentos e se constitui a partir de relações intra e interpessoais.
É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando conhecimentos, papéis e funções sociais, o que permite a formação de conhecimentos e da própria consciência. Trata-se de um processo que caminha do plano social - relações interpessoais - para o plano individual interno - relações intrapessoais.
Portanto, a escola é o lugar onde a intervenção pedagógica intencional desencadeia o processo de ensino-aprendizagem.
O professor tem o papel explícito de interferir neste processo, diferentemente de situações informais nas quais a criança aprende por imersão em um ambiente cultural. É o papel do docente, portanto, que provoca avanços dos alunos e isto se torna possível com a interferência do educador na zona de desenvolvimento proximal (ZDP).
Vemos ainda como fator relevante para a educação, decorrente das interpretações das teorias de Vygotsky, a importância da atuação dos outros membros do grupo social na mediação entre a cultura e o indivíduo, pois uma intervenção deliberada desses membros da cultura, nessa perspectiva, é essencial no processo de desenvolvimento. Isso nos mostra os processos pedagógicos como intencionais, deliberados, sendo o objeto dessa intervenção a construção de conceitos.
O aluno não é somente o sujeito da aprendizagem; ele é aquele que aprende, junto ao outro, o que o seu grupo social produz, como por exemplo: valores, linguagem e o próprio conhecimento.
A formação de conceitos espontâneos ou cotidianos, desenvolvidos no decorrer das interações sociais, diferencia-se dos conceitos científicos adquiridos pelo ensino, parte de um sistema organizado de conhecimentos.
A aprendizagem é fundamental ao desenvolvimento dos processos internos na interação com outras pessoas.
Ao observar a zona proximal, o educador pode orientar o aprendizado no sentido de adiantar o desenvolvimento potencial de uma criança, tornando-o real. Nesse processo, o ensino deve passar do grupo para o indivíduo. Em outras palavras, o ambiente influenciaria a internalização das atividades cognitivas no indivíduo, de modo que o aprendizado gere o desenvolvimento. Portanto, o desenvolvimento mental só pode realizar-se por intermédio do aprendizado.



O Biológico e o cultural: os desdobramentos do pensamento de Vygotsky.

A professora Marta Kohl de Oliveira aborda neste capítulo, três aspectos fundamentais:
- o funcionamento cerebral como suporte biológico do funcionamento psicológico;
- a influência da cultura no desenvolvimento cognitivo dos indivíduos;
- a atividade do homem no mundo, inserida num sistema de relações sociais, como o principal foco de interesse dos estudos em psicologia.

Um dos pilares do pensamento de Vygotsky é a idéia de que as funções mentais superiores são construídas ao longo da história social do homem, a história social objetiva tem um papel essencial no desenvolvimento psicológico que não pode ser buscado em propriedades naturais do sistema nervoso, ou seja, o cérebro é um sistema aberto em constante interação com o meio, este meio será capaz de transformar suas estruturas e mecanismos de funcionamento, podendo se adaptar a diferentes necessidades e servindo a diversas funções estabelecidas na história do homem.
Luria (um de seus colaboradores) aprofunda em sua obra a questão da estrutura básica do cérebro em três unidades: a unidade para regulação da atividade cerebral e do estado de vigília; a unidade para recebimento, análise e armazenamento de informações; a unidade para programação, regulação e controle da atividade. Atividade psicológica é para Luria um sistema complexo que envolve a operação simultânea de três unidades funcionais: percepção visual; a análise da síntese da informação recebida pelo sistema visual; os movimentos dos olhos pelas várias partes do objeto a ser percebido. Outro aspecto importante refere-se à organização cerebral, cuja idéia é a de que a estrutura dos processos mentais e relações entre os vários sistemas funcionais transformam-se ao longo do desenvolvimento individual. Outro importante colaborador de Vygotsky foi Alexei Leontiev, para quem as atividades humanas são formas de relação do homem com o mundo, dirigidas por motivos, por fins a serem alcançados, ou seja, o homem orienta-se por objetivos, planeja suas ações agindo de forma intencional. Leontiev distingue a estrutura da atividade humana em três níveis de funcionamento: a atividade propriamente dita, as ações e as operações.

Questões:

1- Quem foi o primeiro psicólogo moderno a sugerir os mecanismos pelos quais a cultura torna-se parte da natureza humana?
a) Vygotsky
b) Piaget
c) Vygotsky e Piaget ao mesmo tempo
d) Sakarov
e) Leontiev

2- Quando se trata da teoria de Vygotsky, à ideia central para a compreensão de suas concepções sobre o desenvolvimento humano, refere-se à qual função psicológica?
a) Aprendizado e desenvolvimento
b) A interação social e o instrumento lingüístico
c) Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP)
d) O biológico e o cultural
e) Mediação

3- Quando nos referimos à concepção vygotiskyana de linguagem, estamos tratando de:
a) Sistema simbólico dos grupos humanos, representando um salto qualitativo na evolução da espécie
b) É a que fornece os conceitos, as formas de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento
c) É por meio dela que as funções mentais superiores são socialmente formadas e culturalmente transmitidas
d) Todas as alternativas estão corretas
e) n. d. a.

4- Qual a importância do processo de internalização?
a) Da função mental para referir-se aos processos de pensamento, memória, percepção e atenção.
b) Da cultura que fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a interpretação do mundo real.
c) O processo fundamental para o desenvolvimento do funcionamento psicológico humano, envolvendo uma atividade externa que deve ser modificada para tornar-se uma atividade interna.
d) Todas as alternativas estão corretas.
e) n. d. a.


5) Podemos dizer sobre o ZPD:

I – zona de desenvolvimento proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver problemas independentemente, e o nível de desenvolvimento proximal, demarcado pela capacidade de solucionar problemas com ajuda de um parceiro mais experiente.

II - ; potencialidade para aprender, que não é a mesma para todas as pessoas; distância entre o nível de desenvolvimento real e o potencial) nas quais as interações sociais são centrais, estando então, ambos os processos, aprendizagem e desenvolvimento, interrelacionados;

III – zelar pelo desenvolvimento proximal e o nível demarcado pela capacidade de solucionar problemas com ajuda de um parceiro mais experiente.
IV – Somente a alternativa I está correta.
V – as alternativas I e II estão corretas.


Gabarito:


1- A
2- E
3- D
4- C
5 - V

sábado, 26 de junho de 2010

As contribuições da família e da escola para a formação da independência e do autoconceito da criança na fase escolar

A família tem um papel importante na vida da criança na fase escolar, pois é o primeiro contato social da criança, no qual a mesma obtém as primeiras informações e conhecimento da relação com o outro e isso acarretará na sua formação. Um convívio familiar que há respeito, segurança, tranqüilidade, incentivos traz um autoconceito para a criança e a formação de sua independência, ao chegar à escola a criança pode confirmar esse conceito e sua relação com as novas pessoas terá uma melhor interação, além de ter um bom rendimento escolar.
A escola também tem sua importância nessa fase, o professor é como um modelo a ser seguido, ou seja, um espelho para as crianças e isso fica bem visível, pois nessa fase que a criança começa a brincadeira de escolinha. O professor tem que se mostrar firme, tranqüilo e transparente na hora de transmitir o conhecimento e tem que haver uma interação entre o professor e as crianças.
Tantos a família como a escola tem que tomar cuidado ao corrigir a criança, para não deixar a criança insegura, sentindo-se incapaz de realizar algo, como essa é a fase de iniciação da formação da personalidade tudo que for falado é guardado.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

História dos três porquinhos em Libras

Os três porquinhos em Libras

Alfabeto manual para surdos.

Livro: Uma escola duas línguas.


Uma escola duas línguas letramento em língua portuguesa e língua de sinais nas etapas iniciais de escolarização
Ana Claudia B. Lodi e Cristina B. F. de Lacerda (Orgs.)


Existem poucos estudos no Brasil e no cenário mundial, tanto no que diz respeito ao papel dos intérpretes de maneira ampla, quanto sobre experiências de educação bilíngue em escolas de ensino regular. O acesso e o contato com essa língua na escola podem favorecer o desenvolvimento e a aquisição de novos conhecimentos de forma ampla e adequada pelo aluno surdo principalmente nas etapas iniciais de escolarização. A importância dessa publicação é a de fundamentar, relatar e debater experiências de uma educação bilíngue em escolas do país, contribuindo para que gestores e professores construam uma escola inclusiva que valorize e respeite as singularidades do processo de letramento das crianças surdas.
R$ 36,00
Fonte: http://www.editoramediacao.com.br/detalhes_livro.php?id=177

Livro: Português...eu quero ler e escrever.




O livro Português ... eu quero ler e escrever é resultado de um trabalho de investigação acerca da complexa situação lingüística e educacional do aluno surdo, reconhecido hoje como cidadão pertencente a uma minoria lingüística usuária de Libras, garantido pelas diretrizes educacionais do MEC que a escola proporcione o ensino do português como uma segunda língua.


A fundamentação na abordagem comunicativa de ensino de línguas foi essencial para a criação do programa do curso de português para surdos, das atividades de cada lição do livro básico de português como L2 para surdos e da conexão que o livro tem com a realidade de uso da língua vivenciada pelos alunos com surdez.
Fonte:http://www.institutosantateresinha.org.br/

Criança nos anos Pré - escolares: Aspectos cognitivos, afetivo-sociais e morais.

O pensamento da criança começa se formado entre os 2 aos 6-7 anos, iniciando pela fase da imitação diferida, na qual a criança possui uma imitação mais avançada, começando imitar objetos, animais. Depois entra na fase do jogo simbólico, fase essa estudada por Vygotsky como a fase do faz-de-conta, sendo que a criança começa a brincar de imitar a mamãe, o fazer comidinha, professora, etc. Logo em seguida, entra na fase do desenho, que começa com as garatujas e depois passa para os desenhos mais realistas, ou seja, mais próximo da realidade. Em seguida vem à fase da imagem mental, a criança começa utilizar suas experiências para recontar um fato e isso pode ser de forma confusa, pois a mesma ainda não sabe ordenar os fatos. E por fim, chegamos à linguagem falada, a linguagem da criança está bem estabelecida, a criança entra na fase do “por que”, já começa a utilizar as regras gramaticais, falar uma frase completa e tem uma agilidade maior no pensamento.
Nesta fase da pré-escola a criança tem dificuldade de contextualizar, ou seja, tem limitações de pensamento. Exemplos: se colocarmos duas plantas e três árvores, e perguntarmos quantas plantas têm, ela dirá duas plantas, ignorando que as árvores também são plantas; outro exemplo: ao desenharmos quatro círculos próximos e quatro círculos separados e perguntarmos qual tem mais ela dirá que os que estão separados têm mais, por ocuparem um espaço maior.
A relação com outro nessa fase é marcada pelo interesse, no qual aceita amizade de quem lhe oferece mais vantagens, ou que brincam mais com ela, emprestam objetos, etc. Exemplos: se ao brincar com amigo e outro lhe oferece algo para brincar com ele, ela deixa o amigo que estava brincando para brincar com quem está lhe oferecendo algo; outro exemplo, conversando com um amigo e chegar outro que lhe interessa mais, deixa o amigo de lado.

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA-H)

TDA-H é uma perturbação neurológica transmitida em grande parte, geneticamente que causam falta da atenção aos detalhes ou comente erros por falta de cuidado nas tarefas escolares, tem dificuldade em manter atenção em tarefas ou em atividades lúdicas, não seguem as instruções ou não completam suas atividades escolares, perdem objetos necessários para suas tarefas, freqüentemente brincam ou mexem excessivamente os dedos, mãos, pés ou movem-se da cadeira, dificilmente espera sua vez em jogos ou conversas, esses são alguns dos sintomas de uma criança com TDA-H. Trabalhar com crianças com esse transtorno é um pouco complicado, pelo fato que o professor tem ter uma observação a mais a esse aluno, mas mudanças em sala podem ser feitas para auxiliar o aluno e o professor, como: sentar a criança em um lugar preferencial, local onde a criança fique perto do professor como na primeira ou segunda fileira, manter um contato visual direto, verificar quais são os alunos que melhor se comunicam com o aluno para sentar perto, com isso o professor pode aproveitar a posição preferencial para codificar as chamadas de atenção, como por exemplo: o professor não precisará perdi silencio para o aluno e sim tocar em seu ombro pedindo atenção.

Construtivismo e a Prática educacional.

O conhecimento é algo que se constrói com a interação e a relação com outro, por este ponto pode-se destacar que o conceito de inteligência não é transferível, mas sim acumulado, por meio, da observação com o outro. Dorneles (2000) diz que “o conhecimento é visto como algo a ser construído pelo sujeito, pelo aluno, no contexto de suas interações (relação) com o outro”, sendo assim realmente não podemos transferir para o outro, mas passar a informação. Neste caso, tem o conceito de assimilação e acomodação de Piaget, no qual ao se relacionar com o meio, com a sociedade o individuo incorpora a informação e transformam o que foi absorvido para criar caminhos, possibilidades para chegar ao conhecimento. É como fases em que o homem constrói e reconstrói a interação entre uma pessoa e outra e cada coisa (informação) absorvida ajuda desde a infância até a vida adulta, assim o que se aprende na infância foi acomodado e assimilado para a construção do seu próprio conhecimento em sua vida futura, e isso podemos destacar como o conceito de esquema criado por Piaget, onde a criança, aluno apresenta pouco informação e à medida que vai crescendo vai absorvendo cada vez mais tornando assim mais generalizados para a vida adulta.

Lei de Libras




LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002.

Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2o Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil.
Art. 3o As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de acordo com as normas legais em vigor.
Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.
Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.
Art. 5o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 181o da Independência e 114o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
Texto publicado no D.O.U. de 25.4.2002

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Português/ Libras/Artes

Ano: 1ª série.

Carga Horária: 5 aulas

Recursos:
* Livro: Chapeuzinho Vermelho;
* Folhas para registro das história ditada;
* Lápis de cor;
* Cola;
* Cartolina
Objetivos:
* Desenvolver a produção de textos em linguagem escrita por meio de ditado para o professor;
* Recuperar os principais elementos da narrativa com base na linguagem que se usa para escrever;
* Desenvolver a comunicação e o letramento;
* Construção da escrita;
* Promover o conhecimento da Língua de Sinais.

Conteúdo:
* Reescrita da história:
Chapeuzinho Vermelho.


Procedimentos Didáticos:

1ª Etapa:
Em roda, ler para os alunos a historinha realizando sinais para contar a história e anunciar que esse será recontadas pelo grupo e ditados para o professor. A historinha contada por eles farão parte de um livro que cada um vai ganhar.

2ª Etapa:
Relembrar oralmente e com sinais o historinha e inicie a produção dos textos pelos alunos.
Registrar com exatidão os acontecimentos ditados e em alguns momentos ajudar a recuperar a história com base em passagem da narrativa. Ex: Qual o caminho feito pelo lobo para chegar à casa da vovó antes que a Chapeuzinho?
Reeler aos poucos os trechos ditados pelos alunos.

3ª Etapa:
Reeler o texto produzido pelos alunos. Diga que o texto terá de ficar muito bem escrito, assim como no livro, pois será visto por outras pessoas e todos devem compreender.
Interrogue-os sobre a linguagem utilizada para escrever. Ex: Marcas de oralidade como: (aí, né, então) ou muita repetição de palavras.
Retomar ao texto questinando sobre tais palavras.

4ª Etapa:
Apresentar o texto produzido pelos alunos em roda.
Discutir com eles sobre as ilustrações que farão pare da história.
Digitar os textos, deixando espaços para os alunos desenharem.

Observação: Sempre imprimir cópia, pois nessa fase a criança sempre borrar muito e depois tenta apagar.

5ª Etapa:
Colar na contracapa uma apresentação explicando que os textos foram produzidos pelos alunos com base no ditado para o professor.

6ª Etapa: Produção Final
O livro com a história reescrita pelos alunos para ser levado para casa.

Avalição:
O que importa não é a memorização, mas a produção do texto, recuperando os principais acontecimentos da narrativa, pautada por elementos da linguagem escrita. Além de proporcionar ao aluno surdo uma maior interação na escola.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Algumas atividades que podem ser utilizadas em sala de aula.

Atividade: “Feche a Caixa”.
Objetivos:
Dar diferentes possibilidades de adição para obter o mesmo resultado.
Mostrar formas de agrupamentos para adicionar mais de uma parcela.
Desenvolvimento:
Dividir a sala em duplas. Este jogo foi inventado pelos marinheiros normandos e levado a muitos países. Com todos os números expostos, o primeiro participante lança os dados, soma os pontos e fecha as casas com o valor do total obtido. Ele joga novamente os dados, repetindo o procedimento, mas dessa vez usando somente os números abertos. Quando o total de pontos não permitir fechar mais nenhuma casa, o jogador somará os valores que continuaram expostos. Abrem-se novamente as casas para a próxima. Quem faz menos pontos ganha o jogo. Quando as caixas 7,8 e 9 forem fechadas, joga apenas um dado.
As crianças podem contar os pontos dos dados de 1 em 1, fazer sobre contagem, ou seja, chegando à montagem da conta.

Atividade: A, B, C, Quem levanta é você?
Objetivos:
Encorajar as crianças a reconhecer as palavras;
Promover a interação entre as crianças;
Desenvolvimento:
Antes de começar a brincadeira, confeccione as cartas para o jogo. Em cada um dos 10 cartões, escreva uma letra do alfabeto em maiúscula. Escolher 10 letras que façam partes dos nomes das crianças que estão participando da brincadeira. Nos outros 10 cartões restantes, coloquem palavras que fazem parte do cotidiano das crianças.
Convide as crianças a juntarem-se sentando em círculo e explique que você irá fazer uma brincadeira chamada A, B, C, Quem levanta é você. Diga: “Eu darei uma carta para cada um. Olhem para suas cartas e prestem bastante atenção no que irei falar”.
Embaralhe as cartas e dê uma para cada criança. Diga: Se você tem uma carta com uma letra..., levante e dê uma dançadinha! Depois que a criança levantou, peça a ela para mostrar para o grupo a carta que tem em mãos.
Recolha todas as cartas, embaralhe e distribua-as novamente. Dê agora instruções para levantarem as crianças que possuem palavras. “Se você tem uma palavra..., levante e dê um pulinho!” E assim vai intercalando entre letras e palavras.
Acabe o jogo quando todos tiverem participado após a brincadeira relembrar as palavras utilizadas na brincadeira e escreva no caderno e com as letras formar palavras. Essa atividade pode ser dupla.

Atividade: Telefone sem fio
Objetivos:
Trabalhar e estimular a atenção, percepção sonora e interação.
Desenvolvimento:
As crianças são colocadas sentadas uma ao lado da outra em formato de circulo ou em uma linha horizontal. A primeira da fila deve pensar uma palavra ou frase, e dizer no ouvido da segunda, e assim por diante até a última.
O último deve falar a palavra ou frase, e assim descobrirão se chegou certa, ou se mudou no meio do caminho.

Atividade: Desvie das garrafas
Objetivos:
Promover a interação entre as crianças;
Trabalhar atenção e percepção.
Desenvolvimento:
Colocam-se várias garrafas de plástico vazias uma ao lado da outra, cada uma com uma numeração e sinais das operações matemáticas (o espaço entre elas será maior ou menor, conforme a habilidade dos participantes). Os jogadores formam duas filas, permanecendo afastados vários metros das garrafas. O primeiro jogador de cada coluna lança a bola, fazendo-a deslizar pelo chão, em direção ao espaço existente entre duas garrafas; ela terá de ultrapassá-las, passando pelo espaço entre uma e outra. O jogador que lançou a bola deverá, depois, pegá-la e entregá-la ao companheiro de trás, que procede da mesma forma, e assim sucessivamente. Vence a equipe cujos jogadores derrubarem o menor valor da somas das garrafas.

Atividade: Lembrar o que viu
Objetivos:
Memorização de imagens;
Enriquecimento do vocabulário;
Desenvolvimento:
Mostre o livro ou a revista para crianças depois de mostrar feche o livro, revista e peça para o aluno tentar lembrar o que viram. Conforme as crianças forem falando vai anotando na lousa e depois solicite que os mesmos desenhem as imagens que recordarem.

Atividade: Encontre o resultado.
Objetivos:
Desenvolver o raciocínio; Agilidade; Atenção
Facilitar a compreensão das grandezas numéricas.
Desenvolvimento:
O professor mostrará para o grupo, em uma folha, números que representam as quatros operações. Os alunos terão que armar, e encontrar o resultado.
Cada resultado certo vale cinqüenta pontos. O professor já deve ter o resultado em outra folha de papel. Não pode esquecer-se de realizar cálculos de acordo com o nível de escolaridade dos alunos.

Atividade: Trenzinho de palavras.

Objetivos:
Desenvolver a atenção, a destreza e divertir.
Desenvolvimento:
Os alunos são acomodados lado a lado em uma roda. O professor deve escolher um aluno para iniciar o jogo. O aluno dirá uma palavra qualquer, por exemplo: amigo. O próximo aluno a esquerda dele, deverá dizer outra palavra que comece com a ultima letra da palavra amigo. Por exemplo: ontem. O próximo a esquerda irá dizer uma palavra que comece com a última letra da palavra ontem. E assim sucessivamente até que alguém erre ou repita uma palavra já escolhida

Jogos e brincadeiras nas séries iniciais.


O presente estudo aborda a importância do lúdico nas series iniciais, uma vez que os jogos e as brincadeiras são uma grande oportunidade de mediação entre o prazer e o conhecimento. No entanto analisando à prática pedagógica dos professores, se pode observar que com ansiedade de aplicarem os conteúdos propostos deixam de lado a ludicidade, por não terem o embasamento teórico do lúdico em seu cotidiano escolar. Não é por falta de condições do sistema escolar, pois cabe a cada professor buscar motivação e preparar aulas mais estimulantes que auxiliam os alunos a obterem autonomia, preparando-os para que possam se tornar sujeitos críticos de suas ações no meio em que vivem. Por este motivo, aprofundar-se sobre o lúdico é tão necessário, levando a uma reflexão das práticas pedagógicas. A grande preocupação surgiu porque alguns docentes da educação do Ensino Fundamental não acreditam que quando pensamos em brincar, não há tempo perdido, pois não percebem que o lúdico desenvolve o processo de aprendizado do educando. Assim temos o objetivo maior de possibilitar a reflexão dos educadores, conscientizando-os de que os jogos, os limites, as regras, o lazer são prazeres que estimulam o convívio social, permitindo o contato da criança com o ambiente na qual interage, construindo assim seu conhecimento. O lúdico é essencial para uma vida saudável e um melhor desenvolvimento, neste processo a criança inventa suas maneiras de brincar, onde o mundo do faz-de-conta torna-se um meio indispensável para a aprendizagem. Sendo assim, elas usam sua imaginação e criatividade, desenvolvendo sua afetividade através do convívio com outras crianças, das relações e das diferentes formas de comportamento. Em suma, o tema escolhido tratou de uma reflexão sobre o brincar nas séries iniciais, considerando uma grande ferramenta para a aprendizagem pelo fato do brincar fazer parte da criança, pois é o que ela faz espontaneamente e muito bem. Tendo como objetivos estudar os diferentes autores que relatam a importância do lúdico na educação e no desenvolvimento dos educandos.

Jogo
Essa técnica tão utilizada na Educação Infantil pode ser um grande aliado para os professores das séries iniciais, por ser uma forma de propiciar entre os alunos o desenvolvimento em grupo. Esse assunto é tão intrigante que vários estudiosos apresentam estudos sobre o brincar e a criança, mostrando o quanto é importante esse recurso para o desenvolvimento das mesmas. Dentre eles estão Vigotsky e Piaget. Cada um tem seu ponto de vista, no entanto ambos concordam que a brincadeira é um ótimo exercício para a aprendizagem.
De acordo com Vigotsky (1991) o processo de aprendizagem e o desenvolvimento da criança vêm do brincar, pelo fato da criança reproduzir experimentações e de conviver com outras crianças. Por esse pensamento perceber-se o quanto o brincar traz conhecimentos e aprendizagem para o desenvolvimento do individuo, não só criança como adulto também.
Assim as brincadeiras fazem parte do patrimônio lúdico-cultural, traduzindo valores, costumes, formas de pensamento e ensinamentos. Como ressalta Dohme, “o brincar faz parte de um processo de aculturamento para crianças de diferentes origens, onde elas tomam contato e fazer trocas de experiências e pontos de vistas”. (DOHME, 2008, pg. 14).
Segundo Cerquetti (1997, p.42), o jogo é importante devido a alguns fatores, tais como:
• Socialização: a criança aprende a respeitar os amigos, a esperar sua vez de jogar, desenvolve a paciência, aprende a aceitar as regras do jogo, a tomar cuidado com o material, a correr riscos a perder a ganhar.
• Jogar é trabalhar: participar de um jogo leva a realizar escolhas, a tomar decisões, a organizar estratégias, torna a criança ativa.
• Promovendo trocas com os outros: o jogo acarreta contato e comunicação.
Podemos ressaltar outro estudioso sobre os jogos, sendo ele Soares (1992, pg. 67) que apresenta as seguintes características dos jogos nas séries iniciais:
• Trabalhar o reconhecimento de si mesmo e das próprias possibilidades de ação;
• Possibilitar o reconhecimento das propriedades externas dos materiais ou objetos utilizados para jogar, seja estes do ambiente natural ou construídos pelo homem;
• Identificar as possibilidades de ação com os materiais ou objetos e das relações deste com a natureza;
• Implicar a inter-relação do pensamento sobre uma ação com uma imagem e a conceituação verbal dela;
• Possibilitar relações com outras matérias e disciplinas, promovendo a interdisciplinaridade;
• Implicar relações sociais entre criança-família, crianças-crianças, crianças-professor, crianças-adultos;
• Implicar a vida de trabalho do homem, da própria comunidade, das diversas regiões do país e de outros países;
• Implicar o sentido da convivência com o coletivo, suas regras e valores que envolvem;
• Trabalhar a auto-organização;
• Possibilitar a auto-avaliação de brinquedos, tanto para jogar em grupo como para jogar sozinho;
• Propiciar o desenvolvimento da capacidade de organizar os próprios jogos e decidir as regras entende-as e aceitando-as como exigência do coletivo.

De acordo com Cunha, o brincar para criança é importante, por ser:
• Porque é bom, é gostoso e dá felicidade e, ser feliz é estar mais predisposto a ser bondoso, a amar o próximo e a partilhar fraternalmente;
• Porque brincando que a criança se desenvolve, exercitando suas potencialidades;
• Porque brincando a criança aprende com toda riqueza do aprender fazendo espontaneamente, sem pressão ou medo de errar, mas com prazer pela aquisição do conhecimento;
• Porque brincando, a criança desenvolve a sociabilidade, faz amigos e aprender a conviver respeitando o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo;
• Porque brincando, aprende a participar das atividades, gratuitamente, pelo prazer de brincar, sem visar recompensa ou temer castigo, mas adquirindo o habito de estar ocupada, fazendo alguma coisa inteligente e criativa;
• Porque brincando, prepara-se para o futuro, experimentando o mundo ao seu redor dentro dos limites que a sua condição atual permite;
• Porque brincando a criança está nutrindo sua vida interior, descobrindo sua vocação e buscando um sentido para sua vida. (CUNHA, 1994, pg. 11)

Técnicas e jogos pedagógicos.
Para (IMBERNÓN, 2000) é de suma importância que antes da realização de um jogo, que o professor esteja preparado para aplicá-lo, e que esteja sempre em busca de novas técnicas e jogos, não tornando os mesmos cansativos. Assim primeiramente o educador deve se organizar, traçar suas metas e a metodologia que ira trabalhar. Assim na aplicação dos jogos o educador deve: (1) Ser um guia, estimulador e desafiador; (2) Problematizar o jogo e discutir o pôr que do mesmo; (3) Transmitir segurança e novas aprendizagens aos alunos; (4) Estar preparado e consciente ao aplicar o jogo; (5) Estar seguro dos seus atos; (6) Ser motivador; (7) Usar diferentes jogos e métodos; (8) Ser flexível e trabalhar se acordo com a realidade dos educandos; (9) Estimular e trabalhar os jogos em grupo; (10) Transmitir experiências aos alunos.
Segundo o PCN (1997, p. 49):
Finalmente, um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno que eles provocam no aluno, que gera interesse e prazer. Por isso, é importante que os jogos façam parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver.
O jogo pode ser um grande aliado para o aprendizado nas diversas disciplinas, como por exemplo, na matemática. De acordo com Borin (2002, p. 9):
A introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir os bloqueios apresentados por muitos de nossos alunos que temem a matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo em que estes alunos falam matemática, apresentam também o melhor desempenho a atitudes mais positivas frente aos seus processos de aprendizagem.
De acordo com Cerquetti (1997, p.42) a atividade jogo ajuda muito a criança no desenvolvimento da criatividade, da memória, da imaginação, concentração e organização. Por isso, é importante usarmos os jogos nas aulas de matemática, desde as séries inicias.
Os jogos utilizados em sala de aula são classificados em três tipos (BORIN, 2002):
• Jogos estratégicos: a principal habilidade requerida é o desenvolvimento do raciocínio lógico. Neles, o aluno usa diversas estratégias para atingir o objetivo final.
• Jogos de treinamento: muito usados quando o aluno necessita de reforço e alguns conteúdos matemáticos, substituindo, assim as cansativas listas de exercícios.
• Jogos geométricos: o objetivo principal é mobilizar a habilidade de observação e o pensamento lógico. Nesse caso é possível utilizar as figuras geométricas, semelhanças de triângulos, ângulos e polígonos.
Podemos perceber que o jogo é uma contribuição para o desenvolvimento do aluno quando utilizado de forma lúdica nas séries inicias, como diz Kishimoto se tornarmos como jogo uma definição mais ampla, veremos que este vem sendo usado no ensino de matemática há muito mais tempo que imaginamos. Perelman é seguramente um grande precursor do uso do jogo no ensino da matemática, tomando-o como possibilidade de explorar um determinado conceito e colocando-o para o aluno de forma lúdica. Os quebras-cabeças, os quadrados mágicos, os problemas desafios, etc. poderiam ser enquadrados nestas características de forma lúdica de lidar com conceito. (KISHIMOTO, p. 81, 2008).


O lúdico na escola

Nos últimos anos, os currículos de pré- escolas e dos primeiros anos escolares tem dado maior importância em exercícios formais de aprendizagens e memorização. No entanto, psicólogos e educadores que estudaram o brincar das crianças encontraram vestígios que comprovam que oportunidades espontâneas de brincar para crianças de idade pré-escolar até a puberdade, não são apenas divertidas como também colaboram para o ganho de vocabulário, aumento de habilidades mentais e sociais, indicação de pensamento criativo, capacidade de tolerar atrasos e de reprimir agressão desmotivada. O Referencial Curricular Nacional para Ensino Fundamental (BRASIL, 1998) afirma que por meio dos jogos as crianças não apenas vivenciam situações que se repetem, mas aprendem a lidar com símbolos e a pensar por analogia (jogo simbólico): os significados das coisas passam a ser imaginadas por elas. Ao criarem essas analogias, tornam-se produtoras de linguagem, criadoras de convenções, capacitando-se para se submeterem a regras e dar explicações. (...) A participação em jogo de grupo também representam uma conquista cognitiva, emocional, moral e social para a criança e um estimulo para o desenvolvimento do seu raciocínio lógico.
O brincar também tem a função da dramatização de situações e de conflitos, por meio da brincadeira a criança coloca para fora suas emoções, frustrações transferindo tudo que está sentindo no momento da brincadeira e tudo que está guardado em seu interior. Geralmente é por meio das brincadeiras que descobrimos se a criança está passando por algum tipo de problema. Com a atividade lúdica a criança aprende com prazer e a aula se torna cada vez mais cativante e assim a participação dos alunos é muito mais ativa. Brougére diz que “o mundo do tempo livre das crianças, especialmente de seus jogos é cheio de sentido e significações, e é simbólico”. A criança ao brincar transfere toda sua emoção para a vida real. (BROUGÉRE, 1998, pg. 138)
Infelizmente só conseguimos visualizar essa situação na pré-escola, pois quando as crianças entram no Ensino Fundamental, os professores se prendem a cartilha, a lousa, ou seja, a cumprir conteúdos esquecendo que o aluno está em fase de transição do mundo fantástico da pré-escola para o mundo das letras que para alguns se torna um pesadelo, mas não podemos deixar de salientar que há professores que levam a brincadeira para a sala de aula e assim obtém mais êxito na aprendizagem de seus alunos por tornarem a aula atrativa prendendo assim atenção dos alunos e ganhando a interação entre eles. De acordo com Dohme (...) nos dias de hoje, a sociedade moderna valoriza a criatividade, a iniciativa e o senso critico, e a escola precisa preparar seus alunos de forma a despertar esse potenciais. Daí a cresceste importância do uso do lúdico no processo educacional, que instiga à participação, a critica, a busca da novidade e da ousadia, sem desprezar a importância do respeito e da cooperação entre os elementos de um grupo, porque as disciplina e a obediência fazem parte de qualquer jogo. (DOHME, p. 13, 2008).
A atividade lúdica proporciona uma maior interação entre os alunos há sempre uma troca de experiência, com isso sala de aula mais disciplinada, mais concentrada e estimulada para aprender cada vez mais. Podem-se encontrar várias vantagens na atividade lúdica em sala de aula, como: a mudança de comportamento das crianças; agressividade; interação entre elas; melhor aprendizado e participação. Além disso, mexemos com a imaginação da criança, pois há muitas crianças que só encontram a alegria na sala de aula. Como diz Shada, o jogo não pode ser visto, apenas, como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral. (in KISHIMOTO, pg. 95, 2008)
Com a ludicidade podemos observar uma aula bem mais rica em aprendizagem por parte dos alunos, transformando assim a sala de aula em um ambiente gostoso de ser trabalhado. Essas atividades proporcionam nos alunos uma maior confiança, um ambiente mais alegre e um envolvimento maior por parte dos alunos, até mesmo aquele aluno mais quieto e tímido entram no clima da brincadeira e acabam aprendendo a socializar-se com os amiguinhos.
Trabalhar com a ludoeducação é mais simples do que pode parecer, os educadores tem medo de mudar e com isso acabam prejudicando seus alunos. Hoje a educação precisa ser mais ativa, mais participativa, escola tem que ser um local que ajude a formar um cidadão e sua totalidade, no qual busque passar habilidades e competências para o homem viver em sociedade e seja um ser participativo em sua comunidade. (DOHME, 2008)
Apesar de muitos ainda pensarem que o jogo não tem uma lógica e não passa de uma brincadeira de criança, é um grande aliado para trabalhar o desenvolvimento pessoal (autodescoberta, autonomia e auto-estima) e o cooperativo (convívio, cooperação e habilidade de liderar e de ser liderado). Por meio da atividade lúdica, a criança aprende a seguir regras, experimenta formas de comportamento e se socializa, descobrindo o mundo ao seu redor. Por isso, a atividade lúdica tem um papel decisivo nas relações entre a criança e o adulto, entre as próprias crianças e entre a criança e o meio ambiente (apud TASSINARI, pg. VI, 2007).
Com isso podemos trabalhar diversos jogos para atrair e ganhar a atenção dos alunos desde jogos tradicionais, no qual só é preciso um giz para fazer uma amarelinha no chão da sala, como um jogo mais abrangente que será preciso outros materiais. Por este motivo que é preciso criar uma brinquedoteca por ser um espaço de brinquedo, tornar-se aos olhos da criança como uma fábrica dos sonhos, um local, no qual as crianças viajam e se transportam para um mundo da fantasia, que mexem com a imaginação e os desejos mais íntimos. Como ressalta Santos “A brinquedoteca escolar, além de ser o espaço da criança, deve ser um espaço de experiência, estudo e disseminação de novas idéias sobre o lúdico, de tal forma que contagie todo o professores da escola. As experiências que mais se destacam, têm provado que a pedagogia do prazer e o educador lúdico tem as chaves do construtivismo” (SANTOS, 2000. pg 59).
Espaço esse que deve ser trabalhado em conjunto entre o professor e o aluno, não importa se forem atividades direcionadas ou livres, o importante é aproveitar todos os momentos, cada segundo dentro deste mundo do faz de conta e cabe ao professor ficar atento para absorver o que às crianças estão lhe mostrando, por meio das brincadeiras. Com isso os professores poderão além de preparar aula mais estimulante também verificar como está a relação da criança em casa. (DOHME, 2008)
Todas as escolas deveriam ter um brinquedoteca para auxiliar na aprendizagem das crianças e ministrar cursos de capacitação para os professores utilizarem este recurso em sala de aula. Segundo Cunha (1997), pelo simples fato de existir, a “brinquedoteca é um testemunho de valorização da atividade lúdica das crianças.”
O que falta em nossa educação professores mais ousados e menos voltados para o passado, que saibam aproveitar os novos recursos que estão ao nosso alcance para ajudar na alfabetização dos alunos e se for uma brinquedoteca, por que não aderir e se divertir junto com os alunos. Qual criança não aprende quando está feliz? Dohme afirma que o jogo é um importante aliado para o educador conhecer as suas crianças e jovens. Durante os jogos, o educador pode observar atentamente a atuação de cada um deles com os colegas, poderá perceber as suas qualidades e defeitos, como se relacionam com os demais, se têm valores, como lealdade, bondade e cortesia, pois o calor e o envolvimento que o jogo provoca fazem com que as crianças (e os adultos também) tenham uma tendência maior em mostrar o seu verdadeiro caráter, o que é mais difícil acontecer na vida cotidiana. (DOHME, 2008, pg.23)
O jogo pode ser um auxílio se for utilizado com um objetivo bem definido e claro, ou seja, terá que transmitir um conhecimento para a formação do individuo. Como diz Vânia Dohme “o jogo pode ser o condutor de um determinado conteúdo. Através de sua aplicação, pode-se despertar a motivação para determinado aspecto de uma disciplina que se irá abordar ou mesmo avaliar o entendimento de determinado conteúdo, sem contar que existem conhecimentos possíveis de serem transmitidos através de jogos alegres e ativos.” (DOHME, 2008 pg. 22)
Tudo que aprendemos em nossa vida é por meio de brincadeiras, ou seja, para crianças aprender a andar, falar, comer, etc. usa a brincadeira para incentivar. Abramowicz diz que: “Ensinar o faz de conta; é ensinar a criança a atribuir diferentes sentidos para as suas ações. A criança aprende a brincar assim como aprende a se comunicar e expressar seus desejos e vontades. Os adultos e as crianças mais velhas têm papel importante nessa aprendizagem, quando se dispõem a brincar. [...] Brincar é manipular o sentido das palavras, dos sentimentos e da realidade, tendo de que é uma simulação. Toda criança que brinca sabe que brinca! Por isto ela decide sobre o que, como, com quem, com o que, quanto tempo e onde brincar”. (ABRAMOWICZ, pg. 56-58, 1995). Em contra partida vem Vigotsky (1998), dizendo que “a brincadeira de faz-de-conta cria uma zona de desenvolvimento proximal, pois no momento que a criança representa um objeto por outro, ela passa a se relacionar com o significado a ele atribuído, e não mais com ele em si. Assim, a atividade de brincar pode ajudar a passar de ações concretas com objetos para ações com outros significados, possibilitando avançar em direção ao pensamento abstrato”. (VIGOTSKY, 1998, pg.97).
A brincadeira é uma forma de comunicação que deve ser encarado pelo educador como uma forma de relacionamento da criança com o mundo e com outro que esta a sua volta, como diz Adamuz e Zamberlan “É também na atividade lúdica que pode conviver com os diferentes sentimentos que fazem parte de sua realidade interior. Na brincadeira a criança aprende a se conhecer melhor e aceitar a existência do outro; organizando, assim, suas relações emocionais e estabelecendo relações sociais”. (ADAMUZ, Batista; ZAMBERLAN. In: SANTOS, 2008, p.158)

O lúdico na formação do educador

"Se a educação sozinha não transforma a sociedade,
sem ela, tampouco, a sociedade muda."
P. Freire


Sabendo que os jogos despertam para os sentidos diferentes cabe ao professor envolver o educando neste universo mágico, oferecendo condições para que a espontaneidade lúdica e coletiva esteja presentes. Com isso os jogos e as brincadeiras no Ensino Fundamental desenvolvem o exercício das relações de cooperação, dialogo e respeito mútuo. De acordo com Ronca, “os jogos são situações de aprendizagem, então não podemos utilizar a técnica do jogo somente com o objetivo de criar um clima gostoso em sala de aula ou apenas para variar as estratégias do professor num momento em que não se tem algo considerado mais importante para fazer. O jogo deve fazer parte do planejamento de ensino, visando uma situação de aprendizagem dos educando, que são sempre mais participativos quando envolvidos numa situação recreativa”. (RONCA, 1982.p.62)
O professor tem um papel muito importante na formação do ser humano. É ele que desenvolve a competência de aprender em seus alunos, dá o suporte, a estrutura, estimula a aprendizagem, ou seja, ele é o motivador /animador, na busca da construção co conhecimento. E para que essa construção do conhecimento aconteça e o desenvolvimento do raciocínio ocorra, ele deve contar e colaborar para que a comunidade, o Estado e a escola estabeleçam uma parceria de trabalho, promovendo o desenvolvimento dos jovens, que serão o futuro da nação. Aqueles capazes de transformar a realidade de um país. Acima de tudo aquele que vê o que o aluno precisa para o seu crescimento pessoal e profissional, além de perceber com mais clareza a importância da construção da cidadania para o futuro. Para Vigotsky, o professor não deveria trabalhar para o aluno, mas com o aluno de uma atividade de integral interação. (IN: ANTUNES. Pg.. 42)
Por isso deve agir com responsabilidade, ética, buscando ampliar sempre seus conhecimentos, ensinando e aprendendo, pois ele é o elo mais importante entre a escola e a comunidade.
O mundo de hoje exige um perfil de professor que rompa com os arquétipos do passado. Não podemos esquecer que a nossa modernidade impõe novas competências aos docentes, nas quais eles já não são os exclusivos titulares do conhecimento, mas são também e necessariamente, permanentes aprendizes.Apesar de tudo, o profissional da educação deve estar ciente de seu papel social e de sua função na sociedade e, mais do que isso, pronto para superar obstáculos diários que as disfunções sociais podem trazer ao seu trabalho. Cabe ao professor, como adulto mais experiente, estimular brincadeiras, ordenar o espaço interno e externo da escola, facilitar a disposição dos brinquedos, mobiliário, e os demais elementos da sala de aula. Outras formas de intervenção podem ser propostas visando incitar as crianças a desenvolverem brincadeira nesta ou naquela direção, mas só como incitações, nunca obrigação, deixando-as tomarem a decisão de se engajarem na atividade. (NETO, 2002)
O professor também pode brincar com as crianças, principalmente se elas o convidarem, solicitando sua participação ou intervenção. Mas deve procurar ter o máximo de cuidado respeitando sua e ritmo; sem dúvida, esta forma de intervenção é delicada, por ser difícil o adulto participar da brincadeira sem destruí-la; é preciso muita sensibilidade, habilidade e bom nível de observação para participar de forma positiva. Como salienta Ferreira, o professor tem que observar seus alunos nas suas brincadeiras espontâneas, na manipulação de objetos e materiais e na descoberta dos espaços, ela irá ter um importante leque de informações sobre os interesses, necessidades, habilidades e potenciais de cada criança. A partir delas, poderá criar situações e atividades para que a criança aprenda diversos conteúdos partindo dos seus interesses e conhecimentos específicos, já que cada um tem um ritmo próprio de desenvolvimento e aprendizagem. (FERREIRA, 2009, pg 25)
Seguindo esse raciocínio a chave desta intervenção é a observação das brincadeiras das crianças, pois é necessário respeitá-las: conhecê-las, sua cultura, como e com quê brincam, e quando seria interessante o adulto participar. Melhor, porém, é que não o faça e aproveite este momento para observar seus alunos, para conhecê-los melhor. É também importante o professor desenvolver atividades dirigidas que envolvam brincadeiras, mas elas precisam ter seus temas relacionados para que haja contribuição para o desenvolvimento infantil; e elas atuando em conjunto podem as duas ser enriquecidas.
Outra forma que o professor pode usar para enriquecer a brincadeira é propondo atividades que incentivem a curiosidade das crianças; por exemplo, a troca de cartas e bilhetes com os parceiros, leva à escrita e comunicação, sendo experiências que poderão ajudar a criança, mais adiante, a investir nestas habilidades no faz-de-conta. O professor poderá, igualmente, organizar atividades que ajudem a criança a descobrir as possibilidades que certos materiais possuem; os jogos de grupo para crianças mais velhas, ou os de construção para as mais novas, ensinam a dominá-lo melhor, outros níveis de competência, além de permitir verificar o interesse da criança. Piaget (1997) Os professores podem guiá-las proporcionando-lhes os materiais apropriados, mas o essencial é que, para que uma criança, entenda, deve construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos pedindo que descubra por si mesma, permanecerá com ela.
Outro aspecto importante é estimular que as crianças proponha brincadeiras que são realizadas em sua comunidade. Isto possibilitará que entre em sala de aula todo o universo cultural próprio dela, permitindo ao professor melhor conhecer sua realidade, cabendo a ele enriquecer as experiências lúdicas das crianças, pois a escola tem um grande número de crianças da mesma faixa etária, adultos mais experientes, materiais e espaços pensados para permitir atividades de natureza lúdica. Este enriquecimento pode ser desenvolvido por meio de: intervenções, ordenamento do espaço, atividades dirigidas que possibilitem o surgimento de novos elementos culturais, que permitirão às crianças integrá-los às suas brincadeiras. Seguindo Brougére “A criança não brinca numa ilha deserta. Ela brinca com as substâncias materiais e imateriais que lhe são propostas. Ela brinca com o que tem á mão e com o que tem na cabeça. Os brinquedos orientam a brincadeira, trazem-lhe matéria. Algumas pessoas são tentadas a dizer que eles a condicionam, mas, então toda a brincadeira está condicionada pelo meio ambiente. Só se pode brincar com o que se tem, e a criatividade, tal como a evocamos, permite justamente ultrapassar esse ambiente, sempre particular e limitado. O educador pode, portanto construir um ambiente que estimule a brincadeira em função dos resultados desejados. Não se tem certeza de que a criança vá agir com esse material como desejaríamos, mas aumentamos assim as chances de que ela o faça...” (BROUGERE, 1995, p. 105)
No brincar há uma troca de olhares e experiências, onde as diferenças sejam elas quais forem são deixadas de lado. Seguindo o ponto de vista de Dohme o brincar pode fazer parte de um processo de aculturamento paras crianças de diferentes origens, onde elas tomam contato e fazem trocas de experiências e pontos de vista. (DOHME, p. 14, 2008)
Portanto se os professores entendessem o valor educativo da brincadeira no Ensino Fundamental, haveria maior valorização e aplicação do lúdico em sala de aula. A tarefa das escolas é de organizar-se em grupo para um exercício desafiador, revendo sua prática.
Vale ressaltar a importância de conscientização dos educadores para o ensino, que não seja somente transmissão de conhecimento, mas para que perceba o lúdico como elemento importante na aprendizagem e no desenvolvimento. Assim espera-se que o professor descubra a dimensão lúdica que existe em sua essência. Segundo Santos (1997), essa dimensão abre ao professor possibilidades do mesmo conhecer-se e relembrar os momentos lúdicos que já viveu

Ensinar Brincando

Várias técnicas de ensino podem contribuir para a aprendizagem. Uma dessas técnicas é o jogo. Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, exercita e confere suas habilidades. Seguindo Vigotsky (1984) e Leontiev (1988) ambos concordam que os sentidos vão sendo construídos no decorrer da brincadeira. Muitas vezes, as crianças retêm o significado do objeto (suas propriedades e os modos de uso compartilhados por todos), mas dão outro sentido, ou vários sentidos durante a brincadeira. (VIGOTSKY, 1984, pg. 168)
Ensinar Brincando, é uma forma de estar fazendo com que o aluno aprenda de forma prazerosa. Através do lúdico o aluno é capaz de compreender o mecanismo de aprendizagem de maneira atrativa, que por sua vez facilita o trabalho do educador no que diz respeito ao ensino-aprendizagem.
Consultando o Novo dicionário da língua portuguesa (FERREIRA, 1986, p. 286), encontramos diversos significados para o brincar:
1. Divertir-se infantilmente, entreter-se em jogos de crianças.
2. Divertir-se, recrear-se, entreter-se, distrair-se, folgar; "Em qualquer circunstância está sempre bem humorado, brincando".
3. Agitar-se alegremente, foliar, saltar, pular, dançar.
4. Dizer ou fazer algo por brincadeira, zombar, gracejar.
5. Divertir-se.
6. Tremer, oscilar, agitar-se.
7. Gracejar, zombar, mexer.
8. Entreter-se, distrair-se, ocupar-se.
9. Tomar parte em folguedos carnavalescos
Para que a brincadeira ganhe sentido é preciso que o professor saiba conduzir sabiamente as informações que quer transmitir aos seus educando.
Uma forma de ensinar bem é introduzir as brincadeiras em sala de aula que possibilita um caminho para que a aprendizagem ocorra, e o segredo é: ensinar brincando.
O brincar estimula a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança. Proporciona aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção. Sendo indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança. É uma arte, um Dom natural que, quando bem cultivado, irá contribuir, no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto. Com o brincar há o reequilíbrio, há reciclagem das emoções e a necessidades de reconhecer e reinventar. É brincando que a criança mergulha na vida, a sentindo em todas as suas possibilidades. No espaço criado pelo brincar nessa aparente fantasia, acontece à expressão de uma realidade interior que pode estar bloqueada pela necessidade de ajustamento as expectativas sociais e familiares. Como diz: Brougére “Os jogos e brinquedos são meios que ajudam a criança a penetrar em sua própria vida tanto como na natureza e no universo”. (BROUGÉRE, 1998, pg.17)
O jogo pode ajudar os educados em muitas situações que envolvam uma dificuldade. Pois aplicar um jogo em sala de aula provoca uma excitação e um alto interesse pela aprendizagem.
Vejamos outros benefícios produzidos através de técnicas de jogos.
• Facilita o desenvolvimento do raciocínio na medida em que estimula os educando a pensar, a adivinhar.
• Habitua o educando a correr riscos, desenvolvendo a coragem e autoconfiança.
• Propõe contato com diversos sentimentos, fazendo-o refletir sobre ganhar e perder.
• Aumenta o poder de concentração e de atenção.
Podem-se criar vários jogos para o desenvolvimento da percepção, reflexão sobre questões sociais, como competição e seus significados. Assim desenvolvendo nos educando determinados valores sociais, como: respeitar o outro, honestidade, saber ganhar e saber perder, aprender a lidar com situações conflitantes dentro do grupo. Cabendo ao professor utilizar as técnicas adequadas para os educando que não conseguem lidar com conflitos no grupo e optam por não brincar ou optam por não brincar ou provocam confusão; a timidez e a vergonha também atrapalham o desenvolvimento dos alunos, pois ao envolver-se num jogo, há um alto envolvimento emocional do educando. O educador não deve excluir o aluno e sim tentar ajudá-lo a aliviar e superar as tensões emocionais que o impedem de brincar. (DOHME, 2008)

Brincar na escola
Os sentidos e os significados do brincar dependem de quem brinca. E o brincar pode ser uma rica possibilidade de construção de identidade, ou seja, observa-se que o brincar das crianças tem a ver com a espontaneidade de seus olhares. Segundo Bruner (In: MOYLES, 2002, p.24), “a principal característica do brincar – quer infantil, quer adulto – não é o seu conteúdo, e sim o seu modo. O brincar é uma abordagem a ação, não uma forma de atividade”.
A brincadeira é um espaço de socialização, de construção que desenvolve todos os sentidos da criança. O ato de brincar não é apenas para o desenvolvimento escolar da criança e sim um local para adquirir experiência de elaboração das vivências. A brincadeira implica para a criança muito mais do que um simples ato de brincar, pois através da brincadeira ela está se comunicando com o mundo e também está se expressando. De acordo com Abramowicz no ato de brincar ocorrem trocas, as crianças convivem com suas diferenças, se dá o desenvolvimento da imaginação e da linguagem, da compreensão e apropriação de conhecimentos e sentimentos, do exercício da cidadania e da decisão. (ABRAMOWICZ, 1995, pg 59)
Winnicott (1982) revela que é no brincar que o indivíduo criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral, ou seja, qualquer que seja a atividade lúdica conduz ao encontro com criatividade.
Nas escolas o que se tem percebido é a falta de espaço e tempo destinados à atividade lúdica, o que compromete o desenvolvimento da criatividade da criança, bem como limita as possibilidades de os professores acompanharem o desenvolvimento das crianças, bem como conhecerem melhor o universo sócio cultural ao qual elas estão inseridas.
Apesar de se ter registrado a existência de espaços físicos internos ricos para possibilitar às crianças a exploração e a criação de brinquedos e brincadeiras, percebe-se a ausência de uma intencionalidade destacada nos projetos pedagógicos e, conseqüentemente, nas práticas educativas em relação à importância do brincar no processo de apropriação dos códigos da cultura em que estão inseridas as crianças. Para Oliveira a elaboração do currículo implica a opção por uma organização curricular que seja um elemento mediador fundamental da relação entre a realidade cotidiana da criança às concepções, os valores, e os desejos, as necessidades e os conflitos vividos em seu meio próximo e a realidade social mais ampla, com outros conceitos, valores e visões de mundo. (OLIVEIRA, 2005)

Conclusão

O artigo apresentado busca salientar a importância dos jogos e brincadeiras como meio para o desenvolvimento dos alunos das séries iniciais em suas várias potencialidades, mostrando que o lúdico é um grande aliado do educador e não pode ser deixado de lado, mas sim precisa ser considerado com um valor educativo, em que a criança brinca, se diverte, usa a imaginação e aprende ao mesmo tempo. Mas para isso o professor tem que ter um embasamento em uma teoria correta e adequada para seus alunos.
Brincar é, sem sombra de dúvidas, um importante recurso pedagógico que estimula e desenvolvem as funções mentais superiores, as funções psicomotoras e participa no processo de construção do conhecimento. A criança se desenvolve e aprende brincando, adquire experiências e conhecimentos, pensa e raciocina, descobre e aprende com mundo e com si própria, constrói-se física, social, cultural e psicologicamente.
Através da análise dos referenciais para a educação podemos ressaltar que a mesma tem a preocupação de propiciar às crianças um desenvolvimento integral e dinâmico com o uso de jogos e brincadeiras com um facilitador do ensino e aprendizagem.
Enfim, brincar é mais do que uma atividade sem conseqüência para a criança. Brincando, ela não apenas se diverte, mas recria e interpreta o mundo em que vive, relaciona-se com o mundo. Brincando, a criança aprende.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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